24/07/2012

Jovem tenta se jogar de torre e deixa milhares sem energia elétrica

Matéria de Gerllany Amorim, 
publicada originalmente no jornal DIÁRIO DO PARÁ

Foram quatro horas e meia de uma delicada negociação na manhã deste domingo (8), até que a exaustão deu por encerrada com sucesso a ação do Corpo de Bombeiros, que tentava convencer um jovem a não se jogar de uma das torres de alta tensão que fica ao longo da Avenida Independência, bairro da Cabanagem em Belém.

O trabalho começou por volta das 7h15 quando os bombeiros foram acionados para atender a ocorrência. O jovem, Elvis Lee Ferreira Feitosa, 19 anos e ex-soldado do exército brasileiro, ficou por todo esse tempo, sentado no ‘cabo-guarda’ ou ‘para-raio’ da torre de 40 metros de altura onde ameaçava se jogar. Populares contaram que uma desilusão amorosa teria provocado a atitude do rapaz.

Centenas de curiosos se aglomeraram no local e companhia de Transportes de Belém interditou uma das vias, o que deixou o trânsito complicado. De calça comprida, tênis e sem camisa, Elvis colocou a vida em risco por várias vezes lá no alto, girando no cabo e correndo o risco de escorregar. A cada movimento mais perigoso, as pessoas gritavam. Hora ficava pendurado, apoiado apenas pelas mãos e pés, hora retornava e sentava no cabo. Trinta homens em cinco viaturas dos bombeiros foram mobilizados para o resgate sob o comando do Major Helton.

As horas passavam e o sol esquentava. O sargento Corrêa alertou sobre o perigo do aquecimento do cabo. “À medida que o sol esquenta e aquece o cabo, corre o risco de ele acabar perdendo o tato das mãos e escorregar”, disse. Uma viatura foi enviada até o Distrito Industrial onde mora a mãe de Elvis, Miriam Feitosa, mas ela não foi encontrada, pois estaria em Mosqueiro e por isso não presenciou o ocorrido.

Por volta das 10h da manhã, cinco tios do jovem chegaram ao local. O vendedor ambulante de meias, Jaime Santos, cedeu o seu megafone para que o tio Oseias Feitosa tentasse se comunicar com Elvis. “Desce daí, cara, pelo amor de Deus, a gente te ama”(sic), dizia. Segundo o tio, Elvis tem uma personalidade tranquila, o que não condiz com a atitude que ele tomou. “Nunca imaginei que ele faria uma coisa dessas, ele é ‘na dele’, trabalhador”, disse. Segundo Oseias, ultimamente Elvis estaria trabalhando como pintor de obras.

Meire Feitosa, tia de Elvis, também pegou o megafone para tentar convencer o jovem a desistir do que estava tentando fazer. “Tu és tão novo, cara, toda a vida pela frente, te amo tanto, vamos lá pra casa comigo”(sic), dizia Meire bastante emocionada. A prima Anne Feitosa, lembrou Elvis da filha de apenas três anos de idade que esperava por ele em casa.

Foi esse o gancho que usou o cabo Mesquita, da equipe de busca e salvamento do corpo de Bombeiros, que estava escalando a torre junto dos companheiros Soldados Barbosa e Alberto. Por volta das 10h40, Mesquita finalmente ganhou a confiança de Elvis e foi o primeiro a chegar no topo da torre para tentar resgatá-lo. “Eu citei a filha dele para tentar convencê-lo. Depois disso, soltei o meu equipamento e tentei me aproximar, foi quando percebi que ele baixou a cabeça e ia desmaiar. Não duvidei e agarrei o braço dele com as duas mãos”, contou o cabo, assim que pisou no solo.

O momento final do resgate foi sem dúvidas o mais tenso. No momento exato do desmaio de Elvis, o cabo o segurou rapidamente, mas o jovem escorregou e ficou pendurado por apenas um dos braços. O outro soldado subiu para ajudar Mesquita a segurar Elvis que corria o risco de escorregar da mão do bombeiro.
Com Elvis desacordado, vencido pela exaustão, os soldados equiparam Mesquita e o jovem e desceram a torre de rapel. Ao ser chamado de herói pela imprensa, Mesquita preferiu dizer que fez apenas o seu trabalho.

Com o desfecho positivo da operação, o Major Helton informou que Elvis seria entregue aos cuidados da família, mas antes disso passaria pelo procedimento de Anamnese, que consiste na avaliação primária do paciente para verificar sinais vitais, grau de consciência, e se houve fratura ou luxação. Em uma maca do corpo de Bombeiros, Elvis foi conduzido na viatura até um hospital de pronto atendimento.

Sem energia
Por conta do incidente, a rede de energia abastecida pela subestação do Benguí precisou ser desligada. Cerca de 30 mil famílias, dos bairros Cabanagem, Tenoné, Tapanã, Parque Verde, Benguí e parte de Icoaraci ficaram sem energia elérica. Josino Costa, gerente de operações da Rede Celpa contou que os fios de alta tensão da torre possuem 69 mil volts de potência. É impossível sobreviver com descarga elétrica provocada por ele.

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