24/07/2012

Supostos policiais são acusados de agressão

Matéria de Gerllany Amorim, 
publicada originalmente no jornal DIÁRIO DO PARÁ

Por volta das 21h15 de sexta-feira (6), a família da dona de casa Ana Maria Rosário, 37 anos, viveu cerca de meia hora de terror dentro da própria casa, na Rua 01 do bairro Parque Verde em Belém. Segundo ela e vários vizinhos que presenciaram a cena, três homens identificados como Gledson Moraes Carvalho, Aluizio Augusto Ripardo Padilha e Danilo do Nascimento Vieira, chegaram em duas motocicletas gritando palavras de agressão em frente a casa dela, onde os dois filhos de 15 e 16 anos estavam sentados conversando com mais dois amigos também menores de idade. O terceiro filho de Ana Maria, deficiente físico, foi ameaçado de morte junto dela em um dos momentos da agressão.

O esposo de Ana Maria, o aposentado João Rosário, 51 anos, já estava deitado para dormir quando ouviu os gritos que vinham da frente de sua casa. Imaginando que alguém estivesse discutindo com seus filhos, ele levantou-se para ver o que estava acontecendo quando foi rendido pelos homens que se diziam policiais e estavam à paisana. Todos armados com revólveres, os homens colocaram as crianças de costas para a parede da casa e começaram agredi-los com socos, tapas, coronhadas e se não bastasse, também efetuaram disparos contra as crianças mas não acertando nenhum tiro neles. João Rosário foi proibido de se mover pelos agressores que o ameaçavam de morte o tempo todo. O pai assistia a cena de agressão aos filhos sem poder fazer nada. O Adolescente A. S., 15 anos, ficou ferido na cabeça pelas coronhadas.

Enquanto dois dos homens protagonizavam uma verdadeira cena de tortura na frente da casa, o terceiro adentrou a residência de Ana Maria que correu para o quarto a fim de proteger o filho mais velho que é deficiente físico. O que parecia era que os homens simulavam uma operação policial, pois toda hora se ouvia dizeres como “a casa caiu” expressando raiva e muita agressividade. Em pé na porta de um dos quartos da casa, dona Ana Maria recebeu ordem de um dos homens, para ficar parada perto do filho especial pois iria morrer ali. Desesperada, a dona da casa imaginou serem aqueles seus últimos minutos de vida.

“Foi Deus quem nos livrou da morte aqui, eles estavam transtornados, pareciam bêbados ou drogados, sei lá. Há 14 anos eu moro aqui e nunca sequer fui assaltada, agora isso acontece e eu estou desesperada, com muito medo de como vai ser daqui pra frente. Foi o pior dia da nossa vida e o pior é que ninguém porque fizeram isso com a gente”, disse a dona de casa que mesmo no dia seguinte ainda tinha a voz trêmula e os olhos avermelhados por não ter dormido a noite inteira. Nas mãos ela segurava três restos de projéteis que juntou do chão da sala.

A vizinha Janice Rodrigues ficou desesperada quando avistou de sua casa o que acontecia. “Eles vinham aterrorizando o pessoal daqui desde lá da praça do Cordeiro. Estavam atirando pra tudo que é lado. Ouvi dizer que atiraram em um homem pra lá”, disse.

Paulo Ronaldo, vizinho colado da casa onde aconteceu este caso, disse que já estava deitado quando ouviu os disparos. “Eu nunca vi tantos tiros assim. Acho que foram mais de vinte”, afirmou.

Depois de meia hora de terror, os homens perceberam os olhares curiosos dos vizinhos, montaram em suas motos, ordenaram que as crianças corressem e saíram dando tiros na rua. Os vizinhos contaram que em um bar localizado no fim da mesma rua os homens foram contidos pelos freqüentadores do bar. A Polícia Militar foi acionada e os acusados foram presos e conduzidos para a polícia especializada.

Às 6h da manhã de sábado (7), o pai João Rosário, com as crianças foram até a Seccional da Marambaia para registrar o boletim de ocorrência, e em seguida encaminhado para exame de lesão corporal.Procurada pela reportagem do Diário do Pará, a assessoria de comunicação da PM informou que vai abrir processo apuratório sobre os envolvidos.

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